Imagem: Um posto avançado vazio? (NASA)
Por Ian O'Neill
Como o navio Mary Celeste, a Estação Espacial Internacional (ISS)
pode ficar vazia, privada de seus tripulantes, a partir de novembro.
Entretanto, ao contrário do Mary Celeste, sabemos exatamente o que
aconteceu à sua tripulação.
Logo após a queda da nave de carga russa Progress M-12M logo após o lançamento, em 24 de agosto, uma sequência de eventos poderia acarretar a suspensão das missões
tripuladas ao espaço. Se isso acontecer, a ISS poderia ser
temporariamente desativada antes do final do ano para evitar a
aterrissagem de astronautas durante o rigoroso inverno cazaque.
Investigações tentam descobrir por que o
motor do terceiro estágio do foguete Soyuz-U desligou antes do
previsto, impedindo a Progress M-12M de entrar em órbita. O veículo de
carga não tripulado caiu na Sibéria minutos mais tarde, 1.6000
quilômetros a leste do ponto de lançamento, no Cazaquistão. Felizmente,
não há registros de vítimas em terra.
Então qual é o problema de enviar astronautas ao espaço se a falha aconteceu em um veículo não-tripulado?
Bem, o terceiro estágio do foguete
Soyuz-U é quase idêntico ao equipamento que integra o propulsor do
Soyuz-FG, usado para impulsionar as naves tripuladas Soyuz até a ISS. Sim, as mesmas caronas das quais a NASA agora depende para enviar astronautas americanos à estação orbital...
Na verdade, desde a aposentadoria da frota de ônibus espaciais, as Soyus são as únicas naves a levar humanos para o espaço em operação no momento.
Segundo o Spaceflight Now,
a agência espacial russa Roscosmos abriu uma sindicância para avaliar
os planos do programa espacial de voos tripulados e a qualidade da
fabricação aeroespacial, e criou um comitê para recomendar ações
corretivas.
Evidentemente, a falha da Progress M-12M assustou a NASA.
"Vamos analisar a causa da anomalia e como eles a solucionaram", afirmou o diretor do programa da estação espacial na NASA, Michael Suffredini, "Se não ficarmos satisfeitos, não colocaremos nossos astronautas na Soyuz”.
O esvaziamento da ISS pode ocorrer se a investigação não encontrar uma solução até novembro. Nesta época, a tripulação
remanescente – o engenheiro de voo, Michael Fossum (NASA), o cosmonauta
russo Sergei Volkov e o astronauta japonês Satoshi Furukawa – terão que
“abandonar o navio”.
Embora o veículo de retorno no trio, a
Soyuz TMA-02M, talvez permaneça atracado até dezembro ou janeiro, as
condições do local de aterrissagem podem ser consideradas severas demais
para um pouso seguro.
Se nenhuma alternativa for contemplada,
os 11 anos de presença contínua de tripulantes na ISS podem chegar ao
fim, o que pode provocar atrasos nos planos da SpaceX de atracar sua
nave não-tripulada Dragon no final do ano.
Fico pensando se o robô R2 poderia ser programado para realizar as tarefas básicas da tripulação... Quem precisa dos humanos, afinal?
Fonte: Spaceflight Now. Agradecimentos especiais a @ageekmom, por me chamar a atenção para o assunto!
