Crédito da foto: Corbis
Quando Ira Glass anunciou no programa This American Life, da National Public Radio, que havia descoberto a receita original da Coca-Cola, um dos ingredientes listados era o caramelo.
Como a receita foi modificada ao longo dos anos, hoje a cor de caramelo do refrigerante é obtida a partir de uma mistura de substâncias que contém 4-metilimidazol. Também conhecida como 4-MI ou 4-MEI, a substância está presente em outros refrigerantes, como a Pespi. Na época, o Centro de Ciência de Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês) anunciou que a substância é um cancerígeno comprovado e não deveria integrar a cadeia de alimentos.
Agora, o CSPI apresentou um pedido formal de veto à FDA (Food and Drug Administration, órgão governamental que controla alimentos e remédios). A substância já figura na lista de carcinogênicos banidos da Califórnia, e a Coca-Cola se comprometeu a alterar a fórmula para evitar que advertências sobre substâncias cancerígenas estampem as latas do refrigerante no estado.
"A empresa decidiu solicitar aos fornecedores de caramelo que fizessem as alterações necessárias para atender às exigências do estado da Califórnia”, declarou Diana Garza Ciarlante, porta-voz da Coca-Cola, à National Public Radio, acrescentando que o corante utilizado sempre foi seguro.
"O fato é que os dados científicos sobre a presença do 4-MEI não justificam as alegações equivocadas nas quais o CSPI tenta fazer o público acreditar”, enfatizou Ciarlante.
A FDA afirma que o consumo seria preocupante se as pessoas bebessem mil latas de refrigerante por dia, mas o CSPI discorda.
"Corantes carcinogênicos não têm lugar em nossos alimentos, sobretudo se levarmos em conta que sua única função é cosmética”, argumenta Michael Jacobson, diretor-executivo do CSPI, em um comunicado à imprensa.
O grupo também alega que o rótulo é enganoso.
"A maioria das pessoas pode interpretar o termo ‘corante caramelo’ como ‘colorido com caramelo’, mas este ingrediente específico tem pouco a ver com o caramelo comum ou o doce de caramelo”, explica Jacobson. “É uma mistura concentrada marrom-escura de substâncias químicas que simplesmente não existem na natureza. O caramelo comum não é saudável, mas pelo menos não é tingido com substâncias carcinogênicas”.
Os fornecedores afirmam que modificaram a cor durante o processo de fabricação para reduzir os níveis de 4-MI, alterando temperatura, pressão e ingredientes.
Os consumidores vão perceber a diferença? De jeito nenhum, garante a Coca.