Foto: AP Foto/Susan Walsh
Neste domingo, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento à nação para anunciar que os Estados Unidos mataram Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda. Leia a seguir a transcrição completa do comunicado.
“Boa noite. Esta noite, posso comunicar ao povo americano e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes.
Há quase 10 anos, um dia ensolarado de setembro foi obscurecido pelo pior ataque contra o povo americano em nossa história. As imagens do 11/9 estão gravadas em nossa memória: aviões sequestrados atravessando um céu sem nuvens de setembro; o desabamento das Torres Gêmeas; a fumaça negra sobre o Pentágono; os destroços do voo 93 em Shanksville, Pensilvânia, onde as ações de cidadãos heroicos nos pouparam de mais dor e destruição.
Ainda assim, sabemos que as piores imagens são aquelas que o mundo não viu. O lugar vazio na mesa de jantar. Crianças que foram obrigadas a a crescer sem mãe ou pai. Pais que nunca mais sentiram o abraço de seus filhos. Cerca de 3.000 cidadãos tirados de nós, deixando um buraco em nossos corações.
Em 11 de setembro de 2001, o povo norte-americano se uniu em luto coletivo. Oferecemos aos vizinhos nosso apoio, e aos feridos o nosso sangue. Reafirmamos nossos laços e nosso amor como comunidade e como país. Naquele dia, não importava de onde vínhamos, para que Deus orávamos, ou a que raça ou etnia pertencíamos, estávamos unidos como uma família americana.
Estávamos também unidos em nossa determinação em proteger nossa nação e trazer as pessoas que cometeram aquele terrível ataque perante a justiça. Rapidamente soubemos que os ataques do 11/9 foram perpetrados pela Al Qaeda, uma organização chefiada por Osama bin Laden, que havia declarado guerra aos Estados Unidos e estava determinada a matar inocentes em nosso país e em todo o planeta. Então fomos à guerra contra a Al-Qaeda, para proteger nossos cidadãos, nossos amigos e nossos aliados.
Ao longo dos últimos 10 anos, graças ao trabalho incansável e heroico das nossas forças armadas e de nossos profissionais de contraterrorismo, conseguimos grandes progressos. Impedimos ataques terroristas e fortalecemos a segurança nacional. No Afeganistão, derrubamos o governo talibã, que deu proteção e apoio a Bin Laden. E por todo o planeta, trabalhamos com nossos amigos e aliados para capturar ou matar os terroristas da Al Qaeda, incluindo vários membros que fizeram parte da conspiração do 11/9.
Mesmo assim, Osama bin Laden não foi capturado e escapou pela fronteira do Afeganistão com o Paquistão. Enquanto isso, a Al Qaeda continuava a agir ao longo dessa fronteira e a operar por meio de seus associados em todo o mundo.
E logo depois que assumi o governo, ordenei que Leon Panetta, diretor da CIA, que priorizasse a captura ou morte de Bin Laden na guerra contra a Al Qaeda, enquanto redobrávamos nossos esforços no exterior para abalar, desorganizar e derrotar sua rede.
Então, em agosto passado, depois de anos de um trabalho cuidadoso realizado pela nossa inteligência, fui informado de uma possível pista que levava a Bin Laden. Não havia certezas e levamos muitos meses para acabar com essa ameaça. Encontrei-me diversas vezes com minha equipe de segurança nacional, à medida que obtínhamos mais dados sobre a possibilidade de localizarmos Bin Laden escondido em um complexo no interior do Paquistão. Finamente, na semana passada, decidi que tínhamos informações suficientes para agir e autorizei uma operação para capturar Osama bin Laden e levá-lo perante a Justiça.
Hoje, sob minha direção, os Estados Unidos iniciaram uma operação contra o complexo em Abbottabad, Paquistão. Uma pequena equipe de norte-americanos executou a operação com extraordinária coragem e habilidade. Nenhum americano ficou ferido, e eles tiveram o cuidado de evitar a morte de civis. Depois de um tiroteio, eles mataram Osama bin Laden e assumiram a tutela de seu corpo.
Durante quase duas décadas, Bin Laden foi o líder e o símbolo da Al Qaeda, e continuou a planejar ataques contra nosso país, nossos amigos e aliados. A morte de Bin Laden sinaliza a vitória mais significativa até o momento nos esforços que empreendemos para derrotar a Al Qaeda.
Ainda assim, sua morte não sinaliza o fim de nosso esforço. Não há dúvidas de que a Al Qaeda continuará tentando organizar e praticar ataques contra nós. Nós devemos ser – e permaneceremos – vigilantes dentro do país e no exterior.
Da mesma forma, devemos também reafirmar que os Estados Unidos não estão – e nunca estarão – em guerra contra o Islã. Já esclareci, como o presidente Bush o fez logo depois do 11/9, que nossa guerra não é contra o Islã. Bin Laden não era um líder muçulmano: era um assassino em massa de muçulmanos. De fato, a Al Qaeda massacrou milhares de muçulmanos em vários países, incluindo o nosso. Por isso seu falecimento deve ser bem recebido por todos que acreditam na paz e na dignidade humanas.
Ao longo dos anos, sempre deixei claro que faríamos uma ofensiva dentro do Paquistão se soubéssemos o paradeiro de Bin Laden. E foi isso o que fizemos. Mas é importante observar que nossa cooperação com o Paquistão no combate ao terrorismo nos ajudou a chegar a Bin Laden e ao complexo onde ele se escondia. Na verdade, Bin Laden havia declarado guerra contra o Paquistão e ordenado ataques contra o povo paquistanês.
Esta noite, liguei para o presidente Zardari, e minha equipe também falou com seus colegas paquistaneses. Eles concordaram que esse é um dia bom e histórico para ambas as nações. E agora é fundamental que o Paquistão continue conosco na luta contra a Al Qaeda e seus associados.
O povo americano não escolheu essa luta. Ela veio até nós e começou com o assassinato sem sentido de nossos cidadãos. Depois de quase 10 anos de serviço, luta e sacrifício, conhecemos bem os custos da guerra. Esses esforços pesam em mim toda vez que eu, como comandante-em-chefe da nação, tenho que assinar uma carta para uma família que perdeu um membro querido, ou olhar nos olhos de um soldado que ficou gravemente ferido.
Os americanos compreendem os custos da guerra, mas como país, jamais toleraremos que nossa segurança seja ameaçada, nem ficaremos indiferentes enquanto nosso povo é assassinado. Defenderemos incansavelmente nossos cidadãos, nossos amigos e aliados. Seremos fiéis aos valores que fizeram de nós o que somos. E, em noites como esta, podemos dizer às famílias que perderam seus parentes queridos para o terror da Al Qaeda: a justiça foi feita.
Esta noite, agradecemos aos incontáveis profissionais da inteligência e contraterrorismo que trabalharam incansavelmente para atingir esse resultado. O povo americano não pode ver seu trabalho, nem conhece seus nomes. Mas esta noite, eles sentem orgulho de seu trabalho e da consequência de sua busca por justiça.
Agradecemos aos homens que conduziram essa operação, porque eles exemplificam o profissionalismo, o patriotismo e a coragem sem precedentes das pessoas que servem a nosso país. E elas são parte de uma geração que sustentou o maior fardo desde aquele dia de setembro.
Finalmente, deixem-me dizer às famílias que perderam seus amigos e parentes em 11/9: nunca esqueceremos sua perda, nem fraquejaremos em nosso compromisso de fazer tudo que pudermos para prevenir outro ataque em solo americano.
E, esta noite, vamos nos lembrar da sensação de unidade que prevaleceu em 11/9. Eu sei que isso, às vezes, foi difícil. Mas a vitória de hoje é um testamento da grandeza de nosso país e a determinação do povo americano.
A causa da defesa de nosso país não está completa. Mas, esta noite, mais uma vez lembramos que os Estados Unidos podem realizar tudo o que se determinarem a fazer. Essa é a história de nossa história, seja a busca da prosperidade para nosso povo, ou a luta pela igualdade de todos os nossos cidadãos; nosso compromisso é defender nossos valores no exterior, e nosso sacrifício é tornar o mundo um lugar mais seguro.
Que nos lembremos que podemos fazer tais coisas não apenas por riqueza e poder, mas pelo que somos: uma nação, com Deus, com liberdade e justiça para todos.
Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América”.
