Por Tim Wall
Até meados deste século, a população humana pode chegar a um ponto de equilíbrio, o chamado nível de reposição, em que os nascimentos se igualam às mortes, segundo projeções da ONU.
Mas se considerarmos que os dois países que já alcançaram o nível de reposição ou estão abaixo dele também são os maiores poluidores, China e Estados Unidos, uma população global estável realmente beneficiaria aTerra?
"A estabilização da população não é uma solução, mas sem ela, será mais difícil resolver os demais problemas”, afirmou em entrevista ao Discovery Notícias John Seager, da Population Connection, uma organização que se dedica à redução do crescimento da população mundial.
Lidar simultaneamente com o crescimento populacional, a melhoria da qualidade de vida dos mais pobres e o combate à degradação ambiental é um complicado malabarismo, comparou Seager. É possível, mas muito difícil.
Segundo Seager, os termos da equação "Impacto-População-Riqueza-Tecnologia” fornecem um modelo para este malabarismo: Impacto = População x Riqueza x Tecnologia.
"Em geral, quanto mais rica for uma sociedade, mais ela consome. A tecnologia atua nas duas direções Se você comprar um SUV enorme, seu impacto aumenta. Se comprar um veículo híbrido, ele diminui”, explica Seager.
A redução da população permite melhorias nos outros dois termos da equação, sem ampliar o impacto cumulativo sobre o planeta.
"Se a população diminuísse no mundo em desenvolvimento, haveria mais tempo para uma exploração maciça de recursos”, pondera Hania Zlotnik, diretora da Divisão de Populações da ONU, em entrevista do Discovery Notícias.
"O dilema sobre o bilhão de pessoas na África é a necessidade de aumentar a produção e o consumo [para melhorar sua qualidade de vida]. Elas precisam consumir mais, e isso significa mais pressão sobre o meio ambiente. Mas elas merecem, porque não tiveram essa chance”, declarou Zlotnik.
Em quase todos os países, a taxa de fertilidade, ou número médio de filhos por mulher, já está caindo, e as projeções da ONU de reduções contínuas são bastante confiáveis, já que se baseiam na tendência central de modelos de computador com 100 mil possibilidades diferentes.
"Não é como o mercado de ações, onde tudo pode acontecer. Os padrões são razoavelmente estáveis ao longo do tempo”, explica Zlotnik.
No entanto, não há garantias.
"Atingimos um patamar muito importante, mas se descuidarmos das atividades para a redução do crescimento populacional, os desafios serão maiores”, conclui.
Em termos práticos, tais atividades incluem atender às necessidades de planejamento familiar de milhões de mulheres desassistidas. Mais de 35% das mulheres em alguns países, como Gana e Haiti, gostariam de recorrer ao planejamento familiar, mas não têm recursos, segundo dados da ONU.
O acesso a métodos contraceptivos voluntários, simples e acessíveis poderia operar uma transformação em menos de uma geração, acredita Seager.
Ele citou os Estados Unidos, o México e o Irã como exemplos de três culturas mito diferentes que reduziram suas taxas de fertilidade por meio de métodos voluntários de contracepção.
"À educação melhor à medida que as famílias diminuem. Isso gera o capital humano necessário para enfrentarmos os desafios ambientais”, assevera Seager.