quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Crescimento populacional zero = planeta mais saudável?



Population
Crédito: Getty Images.
Por Tim Wall
Até meados deste século, a população humana pode chegar a um ponto de equilíbrio, o chamado nível de reposição, em que os nascimentos se igualam às mortes, segundo projeções da ONU.
Mas se considerarmos que os dois países que já alcançaram o nível de reposição ou estão abaixo dele também são os maiores poluidores, China e Estados Unidos, uma população global estável realmente beneficiaria aTerra?
"A estabilização da população não é uma solução, mas sem ela, será mais difícil resolver os demais problemas”, afirmou em entrevista ao Discovery Notícias John Seager, da Population Connection, uma organização que se dedica à redução do crescimento da população mundial.
Lidar simultaneamente com o crescimento populacional, a melhoria da qualidade de vida dos mais pobres e o combate à degradação ambiental é um complicado malabarismo, comparou Seager. É possível, mas muito difícil.
Segundo Seager, os termos da equação "Impacto-População-Riqueza-Tecnologia” fornecem um modelo para este malabarismo: Impacto = População x Riqueza x Tecnologia.
"Em geral, quanto mais rica for uma sociedade, mais ela consome. A tecnologia atua nas duas direções Se você comprar um SUV enorme, seu impacto aumenta. Se comprar um veículo híbrido, ele diminui”, explica Seager.
A redução da população permite melhorias nos outros dois termos da equação, sem ampliar o impacto cumulativo sobre o planeta.
"Se a população diminuísse no mundo em desenvolvimento, haveria mais tempo para uma exploração maciça de recursos”, pondera Hania Zlotnik, diretora da  Divisão de Populações da ONU, em entrevista do Discovery Notícias.
"O dilema sobre o bilhão de pessoas na África é a necessidade de aumentar a produção e o consumo [para melhorar sua qualidade de vida]. Elas precisam consumir mais, e isso significa mais pressão sobre o meio ambiente. Mas elas  merecem, porque não tiveram essa chance”, declarou Zlotnik.
Em quase todos os países, a taxa de fertilidade, ou número médio de filhos por mulher, já está caindo, e as projeções da ONU de reduções contínuas são bastante confiáveis, já que se baseiam na tendência central de modelos de computador com 100 mil possibilidades diferentes.
"Não é como o mercado de ações, onde tudo pode acontecer. Os padrões são razoavelmente estáveis ao longo do tempo”, explica Zlotnik.
No entanto, não há garantias.
"Atingimos um patamar muito importante, mas se descuidarmos das atividades para a redução do crescimento populacional, os desafios serão maiores”, conclui.
Em termos práticos, tais atividades incluem atender às necessidades de planejamento familiar de milhões de mulheres desassistidas. Mais de 35% das mulheres em alguns países, como Gana e Haiti, gostariam de recorrer ao planejamento familiar, mas não têm recursos, segundo dados da ONU.
O acesso a métodos contraceptivos voluntários, simples e acessíveis poderia operar uma transformação em menos de uma geração, acredita Seager.
Ele citou os Estados Unidos, o México e o Irã como exemplos de três culturas mito diferentes que reduziram suas taxas de fertilidade por meio de métodos voluntários de contracepção.
"À educação melhor à medida que as famílias diminuem. Isso gera o capital humano necessário para enfrentarmos os desafios ambientais”, assevera Seager.

O curioso caso de Clever Hans



Curioso
Crédito: Wiki Commons/domínio público.
Você pode achar que seu cão ou gato é muito esperto, mas nada se compara a um cavalo que atraía multidões na Alemanha e em toda a Europa há mais de um século.
O cavalo, chamado Clever Hans, era famoso em todo o mundo por suas habilidades inexplicáveis. William von Osten exibiu este incrível animal em 1891, encantando pessoas com façanhas nunca vistas.
Hans não só sabia contar, mas também dizer as horas, ler e soletrar (em alemão, é claro).
Já que não sabia falar (o que teria sido uma façanha realmente incrível), Hans se comunicava batendo as patas no chão. Quando lhe perguntavam quanto era cinco mais dois, ele batia sete vezes; para indicar quais dias vinham depois de segunda-feira, ele batia uma vez para terça, duas para quarta e assim por diante.
Clever Hans foi examinado por um grupo de pesquisadores liderado por um professor de filosofia chamado Carl Stumpf. Qual era o segredo, se é que haviam algum? Era uma fraude ou um truque? Ou ele era mesmo um cavalo único, um bastião do intelecto equino, à altura do de qualquercriança humana?
Em 1904, o grupo divulgou um comunicado dizendo não haver encontrado nenhuma evidência de fraude. No entanto, o professor Stumpf e um de seus alunos, Oskar Pfungst, finalmente solucionariam o mistério. Eles observaram que Hans raramente conseguia responder a perguntas cuja resposta Von Osten desconhecida, sugerindo a possível existência de alguma conexão entre eles.
Por meio de testes e observações minuciosas, eles descobriram que Hans respondia a dicas inconscientes de seu treinador. Por exemplo, quando perguntavam a Hans quando era dois mais três, Von Osten ou outro questionador (que sempre ficavam em pé diante do cavalo, olhando-o bem de perto) inclinavam-se ligeiramente para frente depois de Hans ter batido a pata pela quinta vez, antes que pudesse bater a sexta.
Von Osten observava Hans, mas Hans observava seu dono ainda mais atentamente. Sempre que o cavalo acertava o número correto de batidas correspondentes a um dia da semana, ao significado de uma palavra ou a uma resposta matemática, seu treinador executava movimentos sutis (que podiam ser uma simples alteração na expressão facial ou uma mudança de postura) para fazer Hans parar.
cavalo, é claro, era recompensado pelas respostas corretas, que reforçavam este comportamento. Clever Hans era mesmo inteligente, mas muito menos do que Von Osten e o público imaginavam.
A história de Clever Hans e de como ele detectava as dicas inconscientes ainda são discutidos por psicólogos e especialistas em comunicação animal. De fato, um estudo recente descobriu que os cães obedecem às sugestões contidas nas expressões faciais de seus donos.
Como Jennifer Viegas relatou em um artigo recente no Discovery Notícias, um estudo recente explicou que “os cães muitas vezes parecem videntes, antecipando o que vamos dizer ou fazer, e agora uma pesquisa revela o segredo por trás da vidência canina: os cães detectam movimentos oculares que podem estar ligados a uma intenção. Os bebês humanos também possuem esta habilidade, descrita na última edição da revista Current Biology”.
“Os cães são receptivos à comunicação humana de uma forma que era atribuída apenas a crianças de seis meses", explica o co-autor do estudo, Jozsef Topal, ao Discovery Notícias. “Eles leem nossa intenção de uma forma pré-verbal, infantil", acrescenta Topal, que trabalha no Instituto de Pesquisa Psicológica da Academia Húngara de Ciências.
 É claro que Clever Hans já sabia disso já na década de 1890s.

Quanto tempo você leva de casa para o trabalho?

Metro1 
Foto: Passageiros esperam pelo metrô. Crédito: Flickr Bruno Soares - Creative Commons.
Quinta, 15 de novembro de 2011.

Por Cristiane Nunes

A partir de hoje, das 10h às 15h, de segunda a sábado, a linha 4-Amarela do metrô inaugura as estações República e Luz, integradas respectivamente às linhas 3-Vermelha e 1-Azul. O horário ainda é limitado, mas a promessa é que deve ser ampliado em semanas, já que o funcionamento do metrô em tempo integral é uma necessidade urgente para a cidade de São Paulo.
Famosa pelo trânsito intenso e o sistema de transporte públicoinsuficiente, São Paulo pode ser uma verdadeira aventura para quem precisa se deslocar para chegar ao trabalho ou à faculdade. Se você não conhece a cidade ou ainda é novo por aqui, não se assuste se um pedestre conseguir percorrer a Av. Paulista inteira mais rápido do que um carro no horário de pico.
Não é à toa que morar perto do trabalho é um verdadeiro triunfo. Um exemplo: quem mora no Tucuruvi (zona norte) talvez seja obrigado a pensar duas vezes antes de aceitar um emprego no Morumbi (zona sul). Seja de carro ou de ônibus, não há como escapar: você vai pegar trânsito. Até citaria o metrô neste exemplo, mas a estação São Paulo-Morumbi só será inaugurada em 2014. Não fosse a pressão de uma Copa do Mundo daqui a três anos, talvez a região tivesse que esperar ainda mais por uma estação de metrô.
Mesmo quem anda de metrô ou trem sabe que, apesar de serem mais rápidos em alguns casos, a lotação e o empurra-empurra também não são fáceis de encarar. Desde que a linha 4-Amarela foi integrada à estação Pinheiros da linha 9-Esmeralda da CPTM, o número de usuários cresceu a ponto de bater recordes. A tendência é aumentar ainda mais com a integração das linhas 1-Azul e 3-Vermelha. Não que isso seja ruim, mas é apenas uma consequência da enorme demanda de passageiros.
O metrô em São Paulo chegou tarde, no ano de 1974, e o governo sempre favoreceu o sistema rodoviário. Em metrópoles como Nova York ou Paris, a malha ferroviária foi priorizada e, por isso, construída no século XIX. Se você acha injusto comparar a malha ferroviária de São Paulo com uma cidade europeia ou americana, podemos usar o exemplo de Buenos Aires, que dispõe de metrô desde 1913.
A falta de planejamento urbano em uma cidade que cresceu rápido demais evidencia ainda mais os remendos feitos às pressas em marginais e avenidas. A construção do Rodoanel ou de túneis pode facilitar o fluxo do trânsito, mas não é a solução. O governo deve investir em transporte público e em ciclovias. A bicicleta também precisa ser tornar uma opção diária para quem precisa se deslocar até o trabalho, não apenas uma fonte de lazer nas manhãs de domingo da Avenida Faria Lima. Umacidade verdadeiramente evoluída é aquela em que o cidadão pode optar por deixar o carro em casa e seguir de metrô e ônibus – ou de bicicleta, e sem medo de ser atropelado. A dúvida é saber quando esse dia vai chegar para São Paulo.