Por Benjamin Radford
Você pode achar que seu cão ou gato é muito esperto, mas nada se compara a um cavalo que atraía multidões na Alemanha e em toda a Europa há mais de um século.
O cavalo, chamado Clever Hans, era famoso em todo o mundo por suas habilidades inexplicáveis. William von Osten exibiu este incrível animal em 1891, encantando pessoas com façanhas nunca vistas.
Hans não só sabia contar, mas também dizer as horas, ler e soletrar (em alemão, é claro).
Hans não só sabia contar, mas também dizer as horas, ler e soletrar (em alemão, é claro).
Já que não sabia falar (o que teria sido uma façanha realmente incrível), Hans se comunicava batendo as patas no chão. Quando lhe perguntavam quanto era cinco mais dois, ele batia sete vezes; para indicar quais dias vinham depois de segunda-feira, ele batia uma vez para terça, duas para quarta e assim por diante.
Clever Hans foi examinado por um grupo de pesquisadores liderado por um professor de filosofia chamado Carl Stumpf. Qual era o segredo, se é que haviam algum? Era uma fraude ou um truque? Ou ele era mesmo um cavalo único, um bastião do intelecto equino, à altura do de qualquercriança humana?
Em 1904, o grupo divulgou um comunicado dizendo não haver encontrado nenhuma evidência de fraude. No entanto, o professor Stumpf e um de seus alunos, Oskar Pfungst, finalmente solucionariam o mistério. Eles observaram que Hans raramente conseguia responder a perguntas cuja resposta Von Osten desconhecida, sugerindo a possível existência de alguma conexão entre eles.
Por meio de testes e observações minuciosas, eles descobriram que Hans respondia a dicas inconscientes de seu treinador. Por exemplo, quando perguntavam a Hans quando era dois mais três, Von Osten ou outro questionador (que sempre ficavam em pé diante do cavalo, olhando-o bem de perto) inclinavam-se ligeiramente para frente depois de Hans ter batido a pata pela quinta vez, antes que pudesse bater a sexta.
Von Osten observava Hans, mas Hans observava seu dono ainda mais atentamente. Sempre que o cavalo acertava o número correto de batidas correspondentes a um dia da semana, ao significado de uma palavra ou a uma resposta matemática, seu treinador executava movimentos sutis (que podiam ser uma simples alteração na expressão facial ou uma mudança de postura) para fazer Hans parar.
O cavalo, é claro, era recompensado pelas respostas corretas, que reforçavam este comportamento. Clever Hans era mesmo inteligente, mas muito menos do que Von Osten e o público imaginavam.
A história de Clever Hans e de como ele detectava as dicas inconscientes ainda são discutidos por psicólogos e especialistas em comunicação animal. De fato, um estudo recente descobriu que os cães obedecem às sugestões contidas nas expressões faciais de seus donos.
Como Jennifer Viegas relatou em um artigo recente no Discovery Notícias, um estudo recente explicou que “os cães muitas vezes parecem videntes, antecipando o que vamos dizer ou fazer, e agora uma pesquisa revela o segredo por trás da vidência canina: os cães detectam movimentos oculares que podem estar ligados a uma intenção. Os bebês humanos também possuem esta habilidade, descrita na última edição da revista Current Biology”.
“Os cães são receptivos à comunicação humana de uma forma que era atribuída apenas a crianças de seis meses", explica o co-autor do estudo, Jozsef Topal, ao Discovery Notícias. “Eles leem nossa intenção de uma forma pré-verbal, infantil", acrescenta Topal, que trabalha no Instituto de Pesquisa Psicológica da Academia Húngara de Ciências.
É claro que Clever Hans já sabia disso já na década de 1890s.
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