Quinta, 15 de novembro de 2011.
Por Cristiane Nunes
A partir de hoje, das 10h às 15h, de segunda a sábado, a linha 4-Amarela do metrô inaugura as estações República e Luz, integradas respectivamente às linhas 3-Vermelha e 1-Azul. O horário ainda é limitado, mas a promessa é que deve ser ampliado em semanas, já que o funcionamento do metrô em tempo integral é uma necessidade urgente para a cidade de São Paulo.
Famosa pelo trânsito intenso e o sistema de transporte públicoinsuficiente, São Paulo pode ser uma verdadeira aventura para quem precisa se deslocar para chegar ao trabalho ou à faculdade. Se você não conhece a cidade ou ainda é novo por aqui, não se assuste se um pedestre conseguir percorrer a Av. Paulista inteira mais rápido do que um carro no horário de pico.
Não é à toa que morar perto do trabalho é um verdadeiro triunfo. Um exemplo: quem mora no Tucuruvi (zona norte) talvez seja obrigado a pensar duas vezes antes de aceitar um emprego no Morumbi (zona sul). Seja de carro ou de ônibus, não há como escapar: você vai pegar trânsito. Até citaria o metrô neste exemplo, mas a estação São Paulo-Morumbi só será inaugurada em 2014. Não fosse a pressão de uma Copa do Mundo daqui a três anos, talvez a região tivesse que esperar ainda mais por uma estação de metrô.
Mesmo quem anda de metrô ou trem sabe que, apesar de serem mais rápidos em alguns casos, a lotação e o empurra-empurra também não são fáceis de encarar. Desde que a linha 4-Amarela foi integrada à estação Pinheiros da linha 9-Esmeralda da CPTM, o número de usuários cresceu a ponto de bater recordes. A tendência é aumentar ainda mais com a integração das linhas 1-Azul e 3-Vermelha. Não que isso seja ruim, mas é apenas uma consequência da enorme demanda de passageiros.
O metrô em São Paulo chegou tarde, no ano de 1974, e o governo sempre favoreceu o sistema rodoviário. Em metrópoles como Nova York ou Paris, a malha ferroviária foi priorizada e, por isso, construída no século XIX. Se você acha injusto comparar a malha ferroviária de São Paulo com uma cidade europeia ou americana, podemos usar o exemplo de Buenos Aires, que dispõe de metrô desde 1913.
A falta de planejamento urbano em uma cidade que cresceu rápido demais evidencia ainda mais os remendos feitos às pressas em marginais e avenidas. A construção do Rodoanel ou de túneis pode facilitar o fluxo do trânsito, mas não é a solução. O governo deve investir em transporte público e em ciclovias. A bicicleta também precisa ser tornar uma opção diária para quem precisa se deslocar até o trabalho, não apenas uma fonte de lazer nas manhãs de domingo da Avenida Faria Lima. Umacidade verdadeiramente evoluída é aquela em que o cidadão pode optar por deixar o carro em casa e seguir de metrô e ônibus – ou de bicicleta, e sem medo de ser atropelado. A dúvida é saber quando esse dia vai chegar para São Paulo.
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