Esta semana foi pródiga em notícias alarmantes sobre a nossa privacidade no mundo on-line. As mensagens do Gmail, os vídeo que vemos no YouTube, as coordenadas do Google Maps fornecidas por celulares com Android e diversas outras atividades on-line alimentarão um algoritmo gigante que formatará os resultados de busca que vemos no Google – como se uma única empresa assumisse o controle de todos esses produtos!
Acontece que uma empresa já é dona de todos esses produtos. Talvez você esperasse reações do tipo “já não fizeram isso antes”? ao anúncio do Google na terça, comunicando que a partir de 1º de março a empresa passaria a aglutinar todos os dados captados em aplicativos distintos para refinar a busca e outros serviços aos usuários.
Para o Google, a nova política de privacidade entrelaçará os fios separados de suas atividades on-line para saber mais sobre você – uma simplificação das mais de 60 políticas de privacidade, sob a alegação de facilitar a vida do usuário com o envio de informações mais relevantes. Uma página de perguntas frequentes sugere que a empresa "dirá se você está atrasado para uma reunião com base em sua localização, calendário e condições locais de tráfego”.
No entanto, a empresa de Mountain View, Califórnia, está sendo duramente criticada, apesar de armazenar tais dados há muito tempo e ter anunciado uma fusão de políticas semelhante seis anos atrás. E o que as divisões de publicidade do Google (ou as empresas que comercializamespaços através delas) sabem sobre a mudança? "Nada a acrescentar”, escreveu o porta-voz do Google, Eitan Bencuya. "Essas políticas não mudaram”.
(Aviso: Falei em alguns eventos do Google, e fui pago para participar de um deles.)
No entanto, três coisas me incomodaram nesta revisão.
1. A recusa insensata do Google em oferecer uma opção
Não é que o Google não tenha capacidade de processamento para isso; hoje, você pode apenas alterar algumas configurações nada óbvias para limitar o rastreamento, além de simplesmente sair de sua conta ou fechá-la totalmente. Mas isso não é viável para grande parte das “centenas de milhões” de usuários (Bencuya não especifica qunantos) do Google, sobretudo os de celulares com o Android.
Eu ficaria surpreso se Google voltasse atrás, sobretudo porque a maioria dos usuários ignora outras opções de isenção. Menos de uma em 10 pessoas (contra uma em sete, em 2010) vetou o rastreamento de anúncios “baseado em interesses” do Google.
2. A vastidão da abragência dos serviços do Google
A empresa merece crédito por sua honrosa recusa em vender dados dos usuários, mas à medida que expande suas operações em novos mercados, ela pode compartilhar suas informações com um número cada vez maior de subsidiárias.
Mas para isso há solução. "Google" não é sinônimo de "internet", e você pode usar outros serviços. Por exemplo, escrevo meu blog noWordPress.com, não no Blogger do Google, em parte porque prefiro diversificar as plataformas.
Ademais, os concorrentes do Google bem que poderiam oferecer alternativas melhores – ou seja, fazer a lição de casa. Os aplicativos da minha conta de e-mail no Google Apps suportam acesso sincronizado offline e um domínio personalizado de graça, mas não posso pagar pelo mesmo “combo” no Yahoo ou na Microsoft.
3. O risco de um perfil tão detalhado nas mãos de uma única empresa
E se um funcionário mau caráter do Google espionar usuários? E se os federais se interessarem demais pelo seus dados?
(Quando a Suprema Corte, por unanimidade, decidiu que instalar um rastreador de GPS em um carro sem um mandado violava a Quarta Emenda da Constituição americana, a juíza Sonia Sotomayor teceu um comentário astuto: será que já não é hora de erguermos uma barreira contra a inspeção de todos os dados que os cidadãos fornecem de bom grado às empresas?
Ainda assim, nada que o Google ou o governo façam mudará um fato incômodo da internet: qualquer atividade on-line exige certo grau de confiança em estranhos que deveriam proteger seus dados enquanto passam pelos servidores da empresa. Você não precisa confiar no Google, mas precisa confiar em alguém.
Crédito: Rob Pegoraro/Discovery
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